
Cristina 1300: Affonso Ávila – Homem ao Termo - Foto: Reprodução
Cristina 1300: Affonso Ávila – Homem ao Termo é daqueles documentários que tocam a gente de um jeito simples, mas profundo. É como sentar para conversar com alguém que entende a alma do Brasil e, ao mesmo tempo, nos apresenta a força transformadora da poesia. A obra de Eleonora Santa Rosa vai além de um simples resgate histórico. É quase um abraço, um chamado para olhar mais de perto Affonso Ávila, um poeta que, injustamente, muitos de nós não conhecemos.
O filme me marcou pela sensibilidade. Não é só sobre quem foi Affonso; é sobre o que ele representa. A cada verso lido, a cada imagem antiga, você sente que há uma história pulsando, algo que conecta o passado ao nosso presente. Há momentos no documentário que nos fazem repensar o que é ser brasileiro e, especialmente, o que é ser humano.
Um ponto alto para mim foi quando pausaram a narrativa para interpretar o poema O Poeta é um Terrorista. Foi como levar um choque de realidade. A força social e política dos versos não só nos faz ouvir, mas também sentir a potência da poesia como um ato de resistência. Affonso não escrevia apenas para ser bonito, escrevia para incomodar, para questionar. E Santa Rosa captou isso com maestria.
O formato do documentário também é especial. Ele não segue aquela linha reta de começo, meio e fim. Parece mais um passeio pelas várias camadas de Affonso: o homem, o poeta, o pensador. É quase como se o filme dissesse: “Não tente entender tudo de uma vez, mas sinta cada pedaço.”
Assistir a esse documentário é uma experiência transformadora. Mesmo quem nunca leu nada de Affonso Ávila sai tocado, pensando na força que a arte tem de nos conectar e nos fazer enxergar o mundo de outra forma. Eleonora Santa Rosa conseguiu não só resgatar a memória de um grande poeta, mas também nos lembrar que o Brasil tem uma riqueza cultural que não podemos deixar cair no esquecimento.
Se você tiver a chance de assistir, vá. É uma daquelas oportunidades raras de se reconectar com nossa essência enquanto nação e com a beleza da poesia que fala ao coração.