
Prédio Vazio - Foto: Reprodução
Rodrigo Aragão entrega mais uma vez aquilo que seu público fiel espera: um terror visceral, artesanal e com identidade visual marcante. “Prédio Vazio” não economiza no gore e acerta em cheio na criação de um ambiente opressor. O edifício abandonado, onde se passa boa parte da trama, é quase um personagem à parte seus corredores apertados, luzes estouradas e paredes claustrofóbicas ajudam a manter uma atmosfera tensa do início ao fim. Há um domínio claro da estética do horror, com efeitos práticos de encher os olhos dos fãs do terror físico, algo que Aragão domina com segurança.
Elenco entrega, mesmo com personagens limitados
O elenco também contribui para manter o clima carregado. Gilda Nomacce, sempre intensa, se destaca em uma trama que exige mais presença emocional do que falas complexas. A direção sabe explorar o desespero e o medo de seus personagens, mesmo que, em muitos momentos, eles sirvam mais como catalisadores para a violência do que como figuras realmente desenvolvidas.

História sem fôlego para ir além do susto
E aí entra o principal ponto fraco do filme: o roteiro. A narrativa de “Prédio Vazio” é funcional, mas carece de ambição. A trama gira em torno de uma jovem em busca da mãe desaparecida durante o Carnaval, mas o enredo não se aprofunda nem nos personagens, nem nos temas que poderia explorar. Não há subtexto consistente, nem grandes surpresas — tudo caminha de forma direta, quase como um pretexto para chegar logo às cenas mais gráficas. A sensação é de que o filme prefere entregar impacto visual imediato do que construir camadas narrativas que sustentem o horror de forma mais duradoura.
Vale a experiência, mas não fica na memória
No fim das contas, “Prédio Vazio” é um bom filme dentro da proposta de terror nacional com estética própria e coragem para mostrar o grotesco. É intenso, visualmente forte e não tenta suavizar nada. Mas também é limitado não porque falta talento, mas talvez porque faltou querer dizer algo além da superfície. Para quem curte sustos e sangue, a experiência vale. Para quem busca algo mais profundo ou inovador, pode parecer apenas um passeio pelos corredores do medo sem muitas portas novas a serem abertas.
Prédio Vazio: Um show de sangue que impressiona os olhos, mas esquece de alimentar o cérebro. – Carlos Enriki
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