Wicked parte II - Foto: Divulgação
“Wicked Parte II” chega como a conclusão de uma história que carrega duas décadas de paixão dos fãs, e o filme abraça essa responsabilidade com força, coração e um cuidado que é raro de ver em adaptações de palco para o cinema. O longa já começa praticamente do ponto exato onde a Parte 1 encerrou, sem respirar, sem enrolar, nos colocando imediatamente na caçada à Elphaba. E aqui já rola aquela sensação boa: a trama não perde tempo explicando o que já entendemos — ela confia que o público está junto na jornada.
Wicked Parte II é grandioso
Logo nos primeiros minutos o filme deixa claro que vem grande: cenários bem construídos, CGI que conversa de verdade com a emoção das cenas, e números musicais que dão aquela vontade automática de cantar junto, como se estivéssemos assistindo ao espetáculo original pela primeira vez.

O universo de Oz continua pulsando, mas dessa vez com uma maturidade maior. E isso reflete no foco narrativo: sim, antigos personagens icônicos aparecem — o Espantalho, o Homem de Lata, o Leão Covarde — mas todos entram como ecos da história principal, não como distrações. Cada transformação deles é construída com carinho, e isso mexe com a gente, porque preenche lacunas do clássico “O Mágico de Oz” sem parecer forçado. A origem da tempestade que leva Dorothy ao mundo de Oz, por exemplo, é mostrada de forma orgânica e poética, dando um significado emocional a algo que antes era só um fenômeno.
Mas o brilho maior do filme reside nas duas protagonistas. A química entre Cynthia Erivo e Ariana Grande funciona muito mais aqui do que no primeiro filme — e isso não é só questão de tempo de tela. É porque agora a relação entre Elphaba e Glinda está inteiramente amadurecida, carregada de carinho, saudade, culpa e uma lealdade que supera tudo. Pequenos gestos, olhares, escolha de notas nas músicas: tudo reforça o quanto uma depende emocionalmente da outra. A amizade ganha tamanho de protagonista — e isso dá um peso que o musical já tinha, mas que aqui se expande.

Wicked Parte II também dá suas rasteiras de forma honesta. Nada de reviravolta gratuita: os plot twists chegam para alterar nossa visão sobre fatos que achávamos entender, e essa sensação de surpresa funciona porque o filme tem coragem de sair do caminho mais confortável. Ele se permite ser sombrio quando precisa, sensível quando convém e grandioso quando é hora de explodir em espetáculo.
E aqui entra um detalhe importante: Wicked Parte II não é apenas sobre magia ou fantasia. É um filme sobre manipulação de narrativas, construção de vilões e heróis, propaganda e poder. Existe crítica social ali, escondida nas entrelinhas. A perseguição a Elphaba ganha contornos muito atuais — como figuras públicas são destruídas, como histórias são distorcidas, como a verdade é moldada por quem quer mandar no discurso. E ver tudo isso dentro de um musical é poderoso.
Wicked Parte II honra o músical
Em relação ao musical, o filme dá mais profundidade a alguns acontecimentos, assim como a Parte 1 conta o primeiro ato da peça, a parte 2 vem contar o segundo ato, porém com mais cenas, diálogos, e tramas entre alguns personagens, claro que no cinema a liberdade é maior, então veremos muito mais da Elphaba voando — e sim essas cenas são de tirar o folêgo — Wicked parte II vai emocionar quem viu a obra nos palcos e até quem só viu a primeira parte. Vale lembrar que a peça ainda está em cartaz no Teatro Renault em São Paulo até o dia 21 de dezembro
No fim das contas, “Wicked Parte II” é um filme que merece ser aplaudido de pé. Não só pela técnica, mas pela coragem de tratar sua história com respeito, emoção e inteligência. É cativante, emocionante e, acima de tudo, fiel ao que Wicked sempre representou: a ideia de que a verdade tem muitas faces — e que a amizade pode ser a força mais transformadora do mundo.
Wicked parte II: Um filme que honra o músical em todos os aspectos – Carlos Enriki
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